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Viagem de prospecção - Diálogos Setoriais - Ministério da Cultura - trecho Portugal

Por Dalton Martins. Em 05/04/16 10:02. Atualizada em 05/04/16 21:19.

Registro, comentários e algumas análises da viagem pelo projeto Diálogos Setoriais envolvendo Ministério da Cultura do Brasil, a UFG, e algumas instituições em Portugal, Inglaterra e Holanda. Aqui trago comentários a respeito do trecho da viagem em Portugal. 

A viagem pelo diálogos setoriais tem por objetivo prospectar alguns possíveis parceiros para tanto aprendermos com eles sobre suas práticas relacionadas ao trabalho de produção de acervos digitais quanto compartilharmos nossas experiências, aprendizados e tecnologias com foco em produzir experimentos em comum relacionados ao projeto Tainacan

A viagem em Portugal se mostrou não apenas produtiva do ponto de vista técnico, mas também o posicionamento político do país sobre algumas de suas práticas e como enxergam aquilo que estamos fazendo aqui no Brasil e especificamente no âmbito de nosso laboratório na UFG. 

Apresento a viagem pelas reuniões que percorremos nos lugares a seguir:

  1. Ministério da Cultura de Portugal - Gabinete de Estratégia, Planejamento e Avaliação Cultural e Instituto Nacional de Estatística:
    1. Nessa reunião, a primeira da missão, a equipe do Gabinete nos apresentou um estudo estatístico que fizeram com o objetivo de calcular o impacto da cultura no PIB de Portugal. O estudo se baseou em métodos bem interessantes e chega a um resultado comparativo que serve como base de referência para experiências brasileiras, tanto metodológico quando do resultado em si. O estudo detalhado se encontra aqui e vale a referência para quem se interessa pela relação entre economia e cultura.
    2. Mecionaram também sobre algumas questões que valem a pena olhar com mais detalhes sobre novos métodos de produção de estatísticas européias no Programa Estatístico Europeu 2013-2017;
    3. Ainda na linha de estudos culturais, falaram sobre um documento com recomendações sobre como produzir estatísticas para a área da cultura no âmbito europeu, além de estudo de referência da Unesco para estatísticas culturais e, por fim, um projeto da OCDE para mensurar a cultura.
    4. Depois, vimos uma apresentação do Sistema de Informação e Estatísticas Culturais de Portugal. O sistema ainda não se encontra pronto e estão ainda em fase de específicação. Trocamos várias impressões sobre a experiência brasileira, mencionamos o trabalho de ontologia que temos feito. 
    5. A reunião transcorreu mais como uma troca de impressões entre os dois Ministérios e alguns de seus projetos informacionais mais importantes. Sem nenhum encaminhamento específico.
  2. Fundação Calouste Gulbenkian
    1. A fundação é um local dos mais bonitos que vi em Lisboa nessa viagem. Um prédio incrível, com um nível de instalação fantástico. Eles fazem muitos trabalhos de tradução de textos clássicos e apoio a formação de coleções e acervos culturais pelo mundo afora, mas sobretudo com maior ênfase em material em língua portuguesa;
    2. possuem uma grande coleção sobre literatura de cordel do séc. XVIII e XIX;
    3. foi a primeira instituição portuguesa a entrar para a europeana, antes mesmo do Arquivo Nacional e da Biblioteca Nacional, o que lhes dá um grande pioneirismo no sentido de interoperabilidade e integração de acervos;
    4. possuem uma cópia de todo seu repositório de imagens, mais de 15000, no flickr;
    5. a reunião também se deu como uma troca de experiências e alguns contatos para tirarmos dúvidas específicas das experiências de digitalização e fomento a projetos da fundação. Sem nenhum encaminhamento específico.
  3. Cinemateca
    1. A Cinemateca portuguesa é também um dos lugares mais bonitos que estivemos em Lisboa. Eles fazem parte da Europeana Film Gateway;
    2. Aqui a reunião foi muito produtiva na troca de experiências a respeito do Tainacan. Eles estão numa fase onde receberam um recurso do governo, via edital, para iniciar o desenvolvimento de um software para acervos de vídeo. Têm como pré-requisito que sejam em software livre, mas ainda não começaram a construir as especificações;
    3. Explicamos nosso projeto, falamos o que fazemos e mostramos algumas possibilidades. Ficaram bem animados e combinamos de construir um protocolo de pesquisa para que eles possam testar uma instância do Tainacan e avaliar a possibilidade de usarem nosso trabalho e eventualmente dedicar parte dos recursos que possuem para evoluir o software em requisitos específicos de suas necessidades. Começa a nascer o Tainacan Cinemateca;
    4. Vamos dar prosseguimento às conversas e para os testes nas próximas semanas. 
  4. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
    1. Aqui também tivemos uma reunião bastante interessante e encontramos um grupo muito interessado em projetos de acervos e ontologias;
    2. Apresentaram o projeto Arquivo.pt que faz um histórico de páginas de Internet de Portugal, muito parecido com o Internet Archives;
    3. Apresentaram também o RCCAP, repositório de acesso aberto de Portugal;
    4. Outro projeto interessante que mostraram foi o Portugal 1914, que faz um trabalho de curadoria colaborativa na identificação de fotos e catalogação de metadados. Vai numa linha muito parecida com a proposta do Tainacan.
    5. Uma das coisas que mais interessou na conversa foi a metodologia colaborativa de ontologia que estamos trabalhando com o MinC. Fizeram várias perguntas, se interessaram pelo modelo e vamos encaminhar conversas mais técnicas nas próximas semanas. 
  5. Arquivo Nacional - Torre do Tombo
    1. O arquivo fica na Universidade de Lisboa e possui um acervo incrível de mais 100 km de documentos, que vêm desde o séc IX;
    2. já possuem mais de 19 milhões de imagens disponíveis na web para acesso gratuito;
    3. Foi uma das melhores conversas que tivemos até aqui e a que pudemos fazer um maior aprofundamento técnico. Eles possuem um bom investimento em software livre de preservação e nos indicaram um possível complementar ao Tainacan, chamado projeto Roda
    4. Da mesma maneira que a Cinemateca, eles estão em processo de realizar as especificações técnicas para o desenvolvimento de um software para fazer a difusão dos acervos. Também têm como requisito ser um software livre e, vejam que boa relação com nosso trabalho, também possuem interesse em explorar aspectos colaborativos na construção dos metadados, das facetas e da organização dos documentos;
    5. Mostramos o Tainacan e conversamos sobre vários aspectos do que temos feito. A conversa foi muito produtiva e acharam interessante testar nosso trabalho e, em sendo bem sucedido o teste, eventualmente adotar o Tainacan como a interface de exibição e navegação dos acervos.

Esse trecho da viagem termina de forma produtiva e rica em possibilidades de encaminhamentos e novos passos numa relação mais profunda com Portugal. Toda a equipe tem avaliado a importância de conversas como essas que o diálogos permitem e como isso nos possibilita colocar em perspectiva o que temos feito, ver nossas potenciais, nossas fraquezas e construir redes de colaboração que fortalecem a estratégia como um todo.

Agora, rumo a Londres!

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